PACS muda atividade médica

A implantação de um Sistema PACS nos Serviços de Radiologia provoca profundas modificações nas relações de trabalho médico e não médico. Esta realidade associada ao alto custo de transferência de tecnologias podem ser fatores decisivos na implementação deste tipo de sistema no Brasil que esta muito defasado em relação aos Países mais avançados , onde estes sistemas operam a mais de 10 anos.

O Professor Dr. Paulo Azevedo Marques da USP de Ribeirão Preto, provavelmente um dos maiores estudiosos desta questão no País, analise em artigo publicado no Jornal Interação Diagnóstica este verdadeiro dilema: o que seria a vantagem do PACS acaba soando como desvantagem para determinados serviços.

A Radiologia sem filme redesenha a atividade médica na área da imagem.

Apesar dos avanços na arte e na ciência para radiologia, as formas de aquisição, manejo e exibição de imagens mudaram muito pouco, desde que Wilhelm Conrad Roentgen descobriu os raios X.Durante os últimos 110 anos o filme desempenhou um papel heróico na radiologia, tendo sido suficientemente versátil, para funcionar como forma de captura, armazenamento, transporte e exibição de imagens radiológicas.

Com o advento da tecnologia digital, esse reinado está ameaçado, embora ainda um pouco distante da realidade brasileira.A sigla PACS significa sistema de Arquivamento e Comunicação de Imagens ( do Inglês, Picture Archival and Communication System) e constitui um sistema computacional utilizado para capturar, armazenar, distribuir e então exibir imagens médicas.

Na aplicação clínica, a tecnologia PACS pode ser utilizada para se estruturar um ambiente radiológico sem filme.A transição para a radiologia sem filme fornece a oportunidade de rompimento com as limitações impostas pela tecnologia centenária do sistema tela/filme e pode proporcionar dois benefícios principais. O primeiro é melhorar acessibilidade, integração e eficiência, através da incorporação de imagens ao arquivo médico eletrônico do paciente. O segundo é possibilitar a criação de novas técnicas que obtenham vantagens dos desenvolvimentos recentes na aquisição, exibição e processamento de imagens.

Na realidade, a reinvenção da radiologia convencional é mais do que um avanço tecnológico; ela oferece a oportunidade para que clínicas e centros médicos redesenhem sua forma de trabalho. Apesar da grande expectativa de uma conversão em larga escala para a radiologia sem filme, o número de serviços ao redor do mundo com essa realidade ainda é bastante reduzido.

Existem vários fatores técnicos e administrativos que podem explicar porque a transição para a radiologia sem filme tem sido relativamente lenta. O mais importante, provavelmente, relaciona-se ao fato que comprar um PACS implica em uma completa reengenharia nas operações do serviço de radiologia. O fluxo de trabalho dos radiologistas, técnicos e funcionários administrativos precisa ser inteiramente redesenhado para que se consiga uma instalação bem sucedida. Além disso, um alto grau de integração do PACS na cadeia de atendimento do paciente é necessário para garantir um funcionamento otimizado.

No Brasil, fora algumas iniciativas isoladas promovidas por hospitais escolas e por alguns serviços diferenciados, o interesse pelo ambiente radiológico digital começa a se manifestar de forma mais intensa e generalizada nos últimos três ou quatro anos. Esse descompasso com as mudanças em andamento em alguns países estrangeiros pode ser explicado pelo custo ainda elevado dessa tecnologia para a realidade econômica brasileira e por uma falta de conhecimento mais aprofundado do assunto apresentada até recentemente pelos representantes no Brasil das empresas fornecedoras de solução, por nossos profissionais da área tecnológica e pelos próprios usuários de modo geral.

Porém, mesmo em âmbito nacional, a relevância dessas aplicações PACS começa a ser evidenciada, inclusive com iniciativas de estruturação de ambientes radiológicos sem filme em hospitais da rede pública, conveniados ao SUS.

 

Publicado no Jornal Interação Diagnóstica, Ano 5- nº31, Abril/Maio 2006, São Paulo, Página 5

 

 

Site Elaborado por: Marcelo Ortiz Ficel