Principais procedimentos em Medicina nuclear |
Nefrologia Nuclear: Técnicas relevantes para o Rim Sistema Nervoso Central: Cintigrafia Cerebral Tumor: Cintigrafias Oncológicas
Sistema Nervoso Central: Cintigrafia Cerebral Cintigrafia de Perfusão Cerebral: avalia a perfusão sanguínea das várias regiões do cérebro. É injetado um radionuclídeo lipofilico no sangue do paciente, que seja capaz de atravessar a Barreira Hemato-Encefálica. Ele é depois integrado nas membranas celulares dos neurônios. É usado para indicar lesões causadas por enfartes - AVCs, ou para descobrir artérias parcialmente obstruídas que tenham um risco de enfartes futuros.
Cintigrafia da Tireóide: A principal aplicação da Medicina Nuclear nesta área é o diagnóstico e terapia do Carcinoma bem diferenciado da Tiróide. As células normais da Tiróide assim como as do carcinoma bem diferenciado desse órgão concentram o Iodo até concentrações muito superiores ás outros órgãos, uma vez que o Iodo é uma parte importante dos hormônios produzidas nessa glândula, a T3 e a T4. Este fato permite usar os isótopos radioativos do Iodo, o I-123 (preferido porque tem meia-vida curta, mas muito mais caro) e o I-131 para formar imagens funcionais da Tireóide. Terapia com I-123: O I-131 pode, além disso, ser usado para terapia do carcinoma bem diferenciado da tireóide. Em muito altas concentrações, a emissão de partículas beta pelos radionuclídeos destrói as células ao redor. Uma vez que a Tireóide concentra muitas vezes mais o íon que os outros órgãos, só ela é afetada. Esta terapia é usada após tireoidéctomia para eliminar focos de metástase do tumor. É feita terapia de substituição dos hormônios tireoideanos (são ingeridas regularmente sob a forma de medicamento).
Cintigrafia de Perfusão e Ventilação: são duas técnicas, sempre feitas simultaneamente, freqüentemente de emergência. É o principal método de avaliação da grave condição potencialmente mortal que é a tromboembolia pulmonar. A parte de perfusão é uma avaliação do fluxo sanguíneo por todo o pulmão, ou seja, se há obstruções nos vasos, como em casos de tromboembolia pulmonar. Ela é efetuada pela injeção de aglomerados de albumina marcada com tecnécio-99m no sangue. Qualquer área que não seja irrigada ficará pálida (zona fria) na imagem obtida. A cintigrafia de ventilação indica as áreas do pulmão que estão arejadas. Ela é feita pela inalação de marcadores radioativos gasosos ou sob a forma de aerossóis, como isótopos de gases nobres radioativos ou micro-partículas marcadas com Tecnécio. O resultado do exame vem da comparação entre as zonas frias (pouco radioativas) da perfusão e as da ventilação. Se houver grandes e múltiplos defeitos de perfusão e não houver defeitos de ventilação ou estes forem em regiões diferentes, é provável o diagnóstico de tromboembolismo pulmonar. De outro modo poderá haver obstrução de um brônquio ou bronquíolo (apenas zona fria na ventilação), ou outras condições.
Angiografia de radionuclídeos: é usada para avaliar a função ventricular, especialmente a do ventrículo esquerdo. O Técnecio-99m é levado a reagir quimicamente com a hemoglobina dos eritrócitos no sangue. Estes eritrócitos marcados espalham-se por todo o sangue da pessoa rapidamente o que torna possível então fazer um filme dos batimentos cardíacos a partir das emissões e avaliar a quantidade de sangue que permanece nos ventrículos quando da sístole e da diástole (cálculo da fração de ejeção). Estes filmes dão indicações sobre a performance cardíaca em casos de cardiomiopatias, valvulopatias e outros. Cintigrafia de Perfusão: é indicada para avaliar doentes com enfartes do miocárdio prévios, dispnéia de esforço, ou angina pectoris. É feito um estudo por SPECT ou Tomografia Computadorizada de Emissão Fotônica Simples. Basicamente a câmera gama roda e tira imagens de várias posições, que o computador então reconstrói em imagens 3D. São usados os compostos Tálio-201 (um análogo do íon Potássio, K+, em cujo transportador os miócitos são ricos), 99mTc-Tetrofosmina (absorvida pelas células ricas em mitocêndrias, como os miócitos) ou 99mTc-SestaMIBI, todos absorvidos pelas células do miocárdio (se houver fluxo sanguíneo próximo). São efetuadas duas medições da radioatividade: em repouso e em esforço máximo. Se houver zona fria ou de radioatividade muito reduzida em ambas as situações, haverá apenas tecido fibroso derivado de um enfarte prévio nesse ponto do coração (já não existem miócitos); se houver zona fria em esforço, mas não em repouso, então deverá haver limitações ao fluxo sanguíneo para essa região, ou seja ele é suficiente para o repouso mas a artéria está obstruída parcialmente e quando há vasodilatação devido ao esforço, o volume nas outras artérias desobstruídas aumenta muito mais (porque num tubo o aumento do raio de 2 para 3 mm corresponde a muito mais volume extra que de 1 para 2mm)- logo essa área está com menos radioatividade comparativamente.
Nefrologia Nuclear: Técnicas relevantes para o Rim Cintigrafia Renal com 99mTc-DMSA: o Parênquima do Rim é estudado com a molécula DMSA (ácido dimercaptosuccinico) que é feita reagir “in vitro” com Tecnécio-99m radioativo. O DMSA-Tc99m é injetado no sangue do paciente, de onde é simultaneamente filtrado, reabsorvido e secretado a nível glomerular, e do Tubo Contornado Proximal. O fármaco fica na sua maioria localizado no Córtex renal desde que este esteja funcional e capaz de filtrar, reabsorver e secretar. As zonas frias de pouca atividade radioativa obtidas no filme corresponderão assim a zonas do córtex do Rim que estejam em insuficiência ou não estejam a funcionar a 100%. Este método tem sensibilidade maior que a Ecografia para detecção de pielonefrites, malformações ou cicatrizes, nomeadamente em pediatria. Cintigrafia Renal com 99mTc-MAG3: o 99mTc-MAG3 ou mercaptoacetiltriglicina-99mTc é eliminada principalmente por secreção tubular. A sua rápida excreção permite a avaliação não só dessa função renal, mas também da perfusão, e integridade do sistema coletor. É usada na monetarização da insuficiência renal, obstrução dos canais coletores e refluxo de urina. Cintigrafia Renal com 99mTc-DTPA: o DTPA, mesmo acoplado ao Tecnécio, é quase totalmente eliminado por filtração glomerular sem quase nenhuma secreção ou reabsorção. É uma técnica de avaliação do Glomérulo Renal e sua capacidade de filtração efetiva, nomeadamente das Glomerulopatias. Renografia Diurética: usado no diagnóstico diferencial entre a obstrução das vias urinárias, nomeadamente por cálculos, e a Estase funcional dessas vias. A administração de um diurético como a Furosemida acelera a excreção de urina pelo rim. Quaisquer dificuldades de micção que não seja obstrução mecânica das vias podem ser distinguidas aumentando suficientemente o volume de urina secretada pelos rins. Se houver obstrução mecânica o radiofármaco na urina se concentrará proximalmente ao ponto bem definido da obstrução, e pouco ou nenhum passará. Se for estase funcional (ex.: se o músculo do ureter não propelir a urina), o aumento de volume será suficiente para fazer avançar a urina nas vias por si mesmo, e o radiofármaco ocupará toda a via urinária. Cintigrafia com Captopril: é usada como teste de detecção de hipertensão arterial devido à estenose (causada pela aterosclerose ou placa de colesterol) da artéria renal. É administrado Captopril, um inibidor da enzima conversora da angiotensina, que tem o efeito de diminuir a perfusão (fluxo sanguíneo) renal. O radiofármaco utilizado é o 99mTc-DTPA. Se a radioatividade vinda do rim diminuir consideravelmente, a artéria correspondente já deveria estar estenosada antes da vasoconstrição devida ao Captopril (porque um tubo de 3mm que diminui para 2 perde muito menos volume que um de 2 que diminui para 1mm). Cistocintigrafia: é usada no diagnóstico do refluxo vesico-ureteral (da bexiga de volta ao ureter) da urina. Há dois tipos: Na cistocintigrafia direta, o doente é cateterizado (cateter colocado na uretra) e a solução radioativa é introduzida na bexiga. Na indireta o radiofármaco é injetado no sangue e as imagens feitas quando do percurso da urina radioativa pelas vias urinárias inferiores. Em qualquer caso, o radiologista verifica se há refluxo da urina radioativa.
Técnicas dos Ossos: Cintigrafias Ósseas Cintifragia Osteoarticular: São usados derivados de difosfatos resistentes às enzimas fosfatases, quelados com Tecnécio-99m como o 99mTc-metilenodifosfonato (99mTc-MDP) e o 99mTc-hidroximetilenodifosfonato (99mTc-HMDP), os quais são injetados no sangue. Rapidamente fixam-se com cálcio ao mineral apatite do osso. Uma vez que os processos de cristalização normais dos sais de cálcio e fosfato no osso são os mesmos da fixação do radiofármaco, esta técnica permite detectar áreas de grande ou insuficiente formação de mineral dentro dos ossos. Assim detectam-se áreas frias ou hipofixantes, com pouca radioatividade, que correspondem a grande atividade destruidora de osso como a osteoclastica ou baixa atividade geradora de osso como a osteoblástica. Causas possiveis de hipofixação são a necrose óssea (por isquémia, enfarte ou infecção-osteomielite), isquemia por anemia falciforme, ou metástases agressivas. É esta última a indicação mais importante, uma vez que permite detectar lesões causadas por metástases de cancros de outros órgãos ou do próprio osso muito mais precocemente que o raio-x, e permite fazer o estadiamento da neoplasia. Os tumores que mais freqüentemente metastizam para o osso são os da próstata, mama e pulmão.
Tumor: Cintigrafias Oncológicas Cintigrafia com Gálio-67: O Gálio-67 comporta-se como o íon Ferro3+ e, portanto liga-se a transferrina plasmática. A maior vascularização das neoplasias e a sua maior necessidade de ferro leva à acumulação do radiofármaco nas células neoplásicas, associado a ferritina. É possível colher informações de muitos tipos de tumores com esta técnica mas ela é principalmente indicada para estadiamento de linfomas. Uma vez que o Gálio não se concentra em lesões necrosadas ou fibróticas ele permite detectar tumores ativos de forma superior à TC ou Ressonância Magnética. Cintigrafia com 123I-MIBG: É uma técnica de estudo dos tumores neuroendócrinos. O radiofármaco utilizado, metaiodobenzilguanidina-Iodo-123, um análogo da guanetidina que é captada para os grânulos cromafins das células neuroendócrinas. Indicações são a suspeita de feocromocitoma, tumores carcinóides neuroblastoma pediátrico, carcinoma medular da Tireóide e outras neoplasias derivadas da crista neural. O 123I-MIBG também é usada, em maiores concentrações, na terapia de algumas destas condições. Cintigrafia com 131I-Iodocolesterol ou NP-59: têm afinidade para o córtex da glândula supra-renal. Utilizado no diagnóstico de Sindrome de Cushing, hiperaldosteronismo e hiperandrogenismo. Detecta lesões da supra-renal. Cintigrafia com 111In-Pentatreótido: o 111Índio-Pentatreótido é um análogo radiativo do hormônio somatostatina. Usado no estadiamento de tumores neuroendocrinos, como os das ilhotas do pâncreas, hipofise e carcinóides. Cintigrafia com 99mTc-sestaMIBI: este radiofármaco concentra-se nas mitocôndrias, logo marca a viabilidade celular (a falta de integridade das membranas mitocondriais é indicativa de stress celular). É, no entanto usado como indicador da susceptibilidade à quimioterapia de uma neoplasia, porque ele é excretado da célula pelo mesmo transportador membranar que excreta os químicos citostáticos (quanto mais transportador, menos radioatividade e menos susceptibilidade à quimioterapia). Cintigrafia Mamária: a primeira técnica de detecção de tumores mamários é a mamografia, uma forma de radiografia. A cintigrafia só é usada se houver dúvidas após mamografia. São usados o 99mTc-MIBI ou o 99mTc-Tetrofosmina. Linfocintigrafia: Técnica de determinação do gânglio sentinela. O gânglio sentinela é o primeiro gânglio linfático que drena uma neoplasia, e é o primeiro a receber células metastáticas. É essencial depois da descoberta de tumor maligno verificar se o gânglio sentinela está invadido, pois o inicio de matastização determina estratégias terapêuticas mais agressivas. São usados derivados da albumina com Tecnécio radioativo em solução, que são injetados no tumor. Este radiofármaco é então drenado pelos vasos linfáticos até ao gânglio mais próximo. Indicações freqüentes são o carcinoma da mama e o melanoma.
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