Um convênio entre as iniciativas pública e privada tornará o HC (Hospital
das Clínicas da USP) o primeiro hospital público do Estado a produzir
radiofármacos (substâncias emissoras de radiação), que serão usados em
exames e em pesquisas. O projeto, estimado em R$ 17,7 milhões, será
financiado em conjunto com o Hospital Sírio-Libanês e a Secretaria de
Estado da Saúde.
O Hospital Sirio Libanês doará um cíclotron, acelerador de partículas que
produz os radiofármacos. O principal é o FDG (fluorodeoxiglucose),
elemento radioativo usado como contraste no PET, um exame de alta
precisão.
O hospital também receberá um PET/CT, que alia o PET à tomografia
computadorizada. "No cíclotron, é possível transformar átomos em elementos
radioativos e marcar, com eles, uma substância. O flúor, por exemplo,
marca a glicose. Como o tumor precisa de glicose para crescer, é possível
enxergá-lo logo no início", diz Carlos Buchpiguel, diretor do Centro de
Medicina Nuclear do HC.
O PET pode mudar a conduta nos tratamentos. "Há casos em que o paciente
vai ser operado porque se acredita que ele tem tumor só no pulmão, e o PET
mostra que não vale a pena porque detecta o câncer em outro local", diz
José Soares Jr., presidente da Sociedade Brasileira de Biologia e Medicina
Nuclear. Ele calcula que haja cerca de 20 PET/ CTs no país.
A aquisição do cíclotron foi possível devido à flexibilização, em 2006, do
monopólio governamental sobre a produção de alguns radiofármacos. Até
então, o HC comprava o FDG do Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e
Nucleares) -que possui os únicos dois cíclotrons da cidade. O aparelho
custa entre US$ 2 e US$ 3 milhões.
O foco inicial do projeto será na área de oncologia. O FDG será usado no
HC, no Sírio Libanês e no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo
Octavio Frias de Oliveira. Novos marcadores também serão pesquisados.
Além de economia de custos, ter um cíclotron no complexo hospitalar
permite produzir elementos radioativos de meia-vida curta. "A meia-vida do
oxigênio, por exemplo, é de dois minutos. Se a fonte produtora não estiver
ao lado do laboratório, inviabiliza", diz Gonzalo Vecina Neto,
superintendente corporativo do Sírio.
Uma espécie de "bunker" com cerca de 2 metros de espessura de concreto na
parede está sendo construído para abrigar o aparelho. A obra deve ser
entregue em outubro.
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