Uma boa
notícia para quem sofre de doença arterial periférica: a radiologia
intervencionista está ajudando os pacientes com obstrução das artérias e
veias a recuperarem a circulação.
Essa doença ataca as artérias, geralmente fazendo com que placas de gordura
se acumulem, diminuindo o calibre e consequentemente a passagem do sangue no
local. E a doença é séria: está provado cientificamente que pacientes com
problemas de circulação do sangue têm maior risco de ter problemas graves do
coração, aumentando inclusive o risco de morte.
O problema atinge todas as artérias do pescoço, principalmente as das
pernas, do rim e da barriga – a conhecida aorta. Nela, além da obstrução, o
que comumente ocorre é a dilatação, chamada de aneurisma de aorta, que nada
mais é que uma fraqueza da parede do vaso sanguíneo e quando rompe é fatal,
devido à grande perda de sangue.
Já a obstrução da artéria renal, por exemplo, causada pelo acúmulo de cálcio
e gordura, pode causar hipertensão arterial de difícil controle e
sobrecarrega as artérias do coração, trazendo graves riscos.
Os principais sintomas da doença vascular periférica podem ser sentidos no
dia-a-dia. De acordo com Alexander Ramajo Corvello, radiologista
intervencionista do Instituto de Radiologia Intervencionista do Paraná (Inrad),
a vida sedentária aliada a uma alimentação rica em gorduras é a combinação
perfeita para propiciar o congestionamento das artérias. Se, além disso, a
pessoa fumar, o risco de desenvolver o problema é multiplicado. “É preciso
passar por exames de rotina e mudar os hábitos alimentares, pois a falta de
circulação pode levar a pessoa à morte”, alerta o especialista.
Angioplastia
Muitas vezes, porém, só é possível saber da existência do problema após a
realização de exames. Corvello adverte que alguns sintomas podem ser
sentidos durante uma caminhada, por exemplo. Se a pessoa sente muitas dores
nas pernas ao caminhar, deve ficar alerta. Também devem se preocupar pessoas
com falta de sensibilidade nas pernas, sensação de pernas frias, alteração
da coloração da pele, perda da força nos braços ou com a presença de feridas
de perna que dificilmente cicatrizam. Estes podem ser alguns indícios de
doença arterial periférica, e todos estes sintomas podem ser provenientes de
artérias “entupidas”.
Para o especialista, é possível controlar a doença na maioria dos pacientes.
Além do tratamento medicamentoso, os procedimentos da radiologia
intervencionista têm trazido benefícios comprovados cientificamente. Na
intervenção é feita uma angioplastia para dilatar as artérias e implantado o
stent (pequena prótese metálica tubular), que fica por dentro da parede da
artéria, desobstruindo-a e estabilizando o fluxo sanguíneo. Minimamente
invasivo, este procedimento é realizado através de uma pequena incisão na
virilha.
Em relação ao cérebro, as estatísticas médicas apontam a falta de circulação
cerebral como sendo a maior causa de sequelas e morte de pacientes no mundo
moderno. A obstrução das artérias carótidas também pode ser evitada com a
angioplastia, que apresenta baixos índices de complicações (em torno de 1 a
2%) devido ao avanço dos materiais que hoje são utilizados.
Um desses materiais é filtro de proteção, que faz com que o paciente esteja
protegido de eventuais deslocamentos de placas para a circulação do cérebro
durante o procedimento de angioplastia. Este filtro funciona com um pequeno
coador que deixa apenas sangue passar, barrando eventuais fragmentos da
placa de gordura calcificada.
Em todos estes procedimentos o médico é guiado por imagens geradas pelo
equipamento de arteriografia digital, que possui altíssima definição e
permite enxergar as artérias e veias através de imagens de raios-X dinâmico,
propiciando a segurança necessária para a realização dos tratamentos.
Miomas: nem sempre é necessária a retirada do útero
A radiologia intervencionista também auxilia no tratamento de miomas
uterinos. A técnica, conhecida como embolização, elimina miomas e preserva o
útero, além de ser minimamente invasiva.
Alexander Corvello comenta que a técnica de embolização tem ação contrária à
aplicada para as doenças vasculares periféricas. Nesses casos, é preciso
obstruir as artérias para impedir o fluxo sanguíneo e parar de nutrir os
miomas. “É uma técnica segura e eficaz, que existe desde 1979 e é aplicada
para tratamento de miomas desde 1995. Com certeza, uma alternativa efetiva
para as pacientes que querem tratar o problema sem precisar retirar o
órgão”, explica o médico. Assim, mesmo após o tratamento é possível
engravidar e a feminilidade é preservada.
Dr. Corvello realiza a embolização uterina para miomas desde 2001. Este é um
dos tratamentos reconhecidos no rol de procedimentos médicos da Agência
Nacional de Saúde, principal órgão regulador do Ministério da Saúde. O
procedimento consiste num corte de no máximo dois milímetros na região da
virilha, por onde se introduz um fino tubo até as artérias uterinas. Depois
de localizados os miomas, são injetadas micropartículas plásticas através do
tubo para obstruir as artérias a seu redor. “Assim, as artérias do útero não
‘alimentam’ os miomas e eles param de crescer”, esclarece o especialista.
A embolização do mioma do útero é um tratamento não-cirúrgico que leva, em
média, uma hora. Não há cortes grandes nem profundos, por isso não causa
agressão ao organismo. O radiologista ressalta que o procedimento não
interfere nas funções normais do útero, que passa a ser nutrido por
circulações colaterais, mantendo sua vitalidade. A realização da embolização
uterina é indolor, pois não há terminais de dor no interior das artérias. O
material utilizado para obstrução das artérias é um produto sintético
utilizado há mais de 35 anos na medicina e que não provoca rejeição do
organismo humano.
Doença silenciosa
Dr. Alexander destaca a importância de as mulheres se informarem sobre a
embolização antes de se submeterem a uma cirurgia para a retirada do útero.
“Hoje, a medicina disponibiliza técnicas modernas e seguras que preservam o
útero da mulher e, consequentemente, a feminilidade”, assegura o médico,
salientando sobre a necessidade de mais informação e esclarecimento para a
população feminina.
A embolização uterina proporciona mais qualidade de vida, mais saúde e
disposição às mulheres que sofrem de miomas. A técnica controla os sintomas,
como hemorragias e dores, que algumas vezes afetam quem sofre com o
problema. As causas ainda não são completamente conhecidas, mas acredita-se
que a predisposição genética pode ter alguma influência na sua incidência.
Dr. Alexander Ramajo Corvello, radiologista intervencionista do Instituto de
Radiologia Intervencionista (Inrad)
Fonte: Instituto de Radiologia Intervencionista do Paraná,
http://inrad.com.br/index.php/Radiologia/-Radiologia-Intervencionista-Desobstruir-arterias-ficou-mais-facil.html
